Estudo de Caso na Praia de Ponta Negra, Natal/RN

ALMEIDA, L.R. Estudo de caso para a aplicação do SMC-Brasil: Praia de Ponta Negra (Natal/RN/Brasil). Natal, 2013. 120p. Relatório Técnico.

ALMEIDA, L. R.; AMARO, V. E.; MARCELINO, A. M. T.; SCUDELARI, A. C. Avaliação do clima de ondas da praia da ponta negra (RN, Brasil) através do uso do SMC-Brasil e sua contribuição à gestão costeira. Revista da gestão Costeira Integrada, v.15, p.135-151, 2014. Publicação.

Localização da área de estudo

A Praia de Ponta Negra (PPN), situada no estado de Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil, é a principal praia urbana de Natal, com cerca de 4 km de extensão.

Localização da praia de Ponta Negra/RN. Fonte: Almeida (2013).

Identificação do problema

Apesar da importância da Praia de Ponta Negra, a mesma tem sofrido por décadas a ação de processos erosivos que comprometem seu valor econômico, chegando a uma situação de calamidade pública em 2012 devido à destruição dos equipamentos e estrutura urbana da praia. Salienta-se que a praia foi submetida, nas últimas décadas, a uma forte urbanização, com modificação da orla sem considerar a evolução costeira e seus aspectos de dinâmica natural (AMARO et al., 2013).

A aplicação das metodologias e da ferramenta SMC-Brasil no litoral do Rio Grande do Norte

Neste estudo de caso, as metodologias e a ferramenta SMC-Brasil foram utilizadas para contribuir no entendimento do funcionamento morfodinâmico da PPN.

Primeiramente foi realizada uma avaliação do clima de ondas da região, utilizando os 60 anos de dados gerados a partir de reanálise e disponibilizados no SMC-Brasil. Depois de propagar casos representativos do clima de ondas até a zona de estudo, foi feito uma análise destes e também uma análise de longo prazo (60 anos), onde foram calculados o transporte longitudinal da praia e as formas em planta e perfil de equilíbrio; determinando-se assim o Modelo Morfodinâmico de Funcionamento da praia em três distintos setores da praia.

Divisão da área de estudo em três setores. Fonte: Almeida (2013).

O setor 1, que apresenta danos de intensidade moderada a forte. Neste setor foi verificado que as correntes vão de sul para norte, adjacentes ao Morro do Careca, e perdem força ao encontrarem uma batimetria suave, depositando os sedimentos que por ventura carreie. No decorrer das últimas décadas esse setor apresentou forte retrocesso da linha de costa, indicação de que sofre efeitos naturais de erosão, mas que foi acelerado devido à ocupação das falésias/dunas que existiam no pós-praia e que forneciam sedimento, mantendo certa largura de praia seca. Possivelmente esta área fornece sedimento para as regiões mais ao norte da praia, pois apresenta um transporte na ordem de 130.000m³/ano de sul para norte.

O setor 2 é caracterizado por ser o trecho com os maiores danos devido à erosão, de intensidade muito forte. O cálculo de transporte aponta para valores na ordem de 700.000m³/ano e a forma em planta de equilíbrio indica tendência a retrocesso da linha de costa. Todos estes fatores coincidem para explicar a erosão do setor, que aliado a uma ocupação desordenada, com construção do calçadão e da rua na parte ativa da praia, causa enormes danos ao patrimônio público.

E, por fim, o setor 3 apresenta a maior exposição à ondulação, com predomínio de correntes de sul para norte. O sedimento local é, relativamente, aos outros setores, mais grosso e o transporte resultante está em torno de 500.000m³/ano. Apesar desta taxa de transporte próxima ao encontrado no setor 2, este setor não demonstra tantos danos, possivelmente porque ainda apresenta regiões com a presença de dunas/falésias que fornecem sedimento à praia.

Maiores detalhes deste trabalho podem ser encontrados em ALMEIDA (2013) e ALMEIDA et al. (2014).

Referência

AMARO, V. E.; SCHUDELARI, A. C.; NEVES, C. F.; GOMES; L. R. S. Gestão Costeira e a Relevância dos Estudos de Diagnóstico e Prognóstico das Modificações da Faixa Praial: Caso da Praia de Ponta Negra, Natal/ RN, Nordeste do Brasil. Revista de Gestão Costeira Integrada. 2013.