Estudo de Caso na Praia de Massaguaçu/SP

DE LUCA, C. B. Implementação de ferramentas numéricas e bases de dados no SMC-Brasil e sua aplicação no estudo piloto da praia de Massaguaçu – Brasil. Tesina de Máster (Máster em Engeniería de Costas y Puertos) – Universidad de Cantabria, Santander, 2011.

Localização da área de estudo

Localizada no município de Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo, a praia de Massaguaçu está divida em três diferentes praias: praia do Capricórnio, praia de Massaguaçu e praia da Cocanha. Seu arco praial está voltado para sudeste/sul com uma extensão total de 7,5km, apresentando um segmento fluvial (rio Massaguaçu) no seu setor sul, sendo que sua foz está normalmente fechada por sedimentos arenosos muito grossos.

Localização da praia de Massaguaçu/SP. Fonte: De Luca (2011).

Identificação do problema

A praia de Massaguaçu está submetida a um processo erosivo, com um recuo progressivo da linha de costa em quase toda a sua extensão, sendo a região central desta a mais afetada. Tal fato vem gerando prejuízos de ordem financeira, uma vez que as condições locais da praia e das estruturas ali implementadas são alteradas.

Parte do aterro que sustenta a rodovia BR-101 (Rio-Santos) foi destruído e foram necessários reparos por meio da implementação de obras de contenção e dispositivos de amortecimento hidráulico, com a intenção de proteger a área da rodovia da ação direta das ondas. Porém, essas intervenções não foram efetivas.

Com o intuito de estabelecer alternativas que pudessem compreender a causa e mitigar os processos erosivos na região, foram utilizadas as metodologias e a ferramenta SMC-Brasil onde foi possível a caracterização morfodinâmica a curto, médio e longo prazo da região costeira de Massaguaçu.

A aplicação das metodologias e da ferramenta SMC-Brasil no litoral de São Paulo

As ondas que se propagam até a costa sofrem processos de difração e refração nas ilhas de Búzios, Vitória e de São Sebastião que fazem com que estas cheguem à praia de Massaguaçu apresentando uma variabilidade espacial muito marcada. A quebra das ondas devido ao efeito do fundo, em conjunto com os gradientes de altura de onda gerados ao longo do sistema, e a incidência oblíqua dessas, produzem um sistema de correntes na praia de Massaguaçu que se movem predominantemente de sudoeste a nordeste. Essas correntes geram um transporte longitudinal que, para os 60 anos de transporte analisados, resultaram em três zonas caracterizadas por um comportamento distinto.

Modelo de funcionamento no entorno da praia de Massaguaçu. Fonte: De Luca (2011).

Depois de realizar um estudo detalhado da geomorfologia, evolução histórica e das dinâmicas marinhas e litorâneas da praia de Massaguaçu, a autora concluiu que a problemática relacionada à erosão dessa praia está ligada à falta de aportes naturais de sedimentos, que unidos à instabilidade de sua forma em planta, geram um sistema de correntes altamente dependentes das ondas incidentes que transportam o sedimento de forma líquida em um sentido sudoeste-nordeste, favorecendo a saída desses do sistema.

Com o uso das ferramentas do SMC-Brasil foi possível estabelecer uma proposta de recuperação da praia de Massaguaçu, por meio de três linhas de atuação: deslocamento da BR-101 (Rio – Santos) e deixar que o sistema se auto-ajustasse naturalmente; construção de estruturas tanto transversais quanto longitudinais à costa e; desenho da forma em planta em equilíbrio. Optou-se por seguir a última pois assim a praia de Massaguaçu estaria garantindo o desempenho da praia quanto as suas funções de defesa costeira e uso recreativo humano a curto e longo prazo. Para tal propôs-se, portanto duas alternativas:

  1. Apoiar a praia de Massaguaçu em um molhe (trecho emergido de 265 m (cota 2m) e outro submergido de 170 m (cota -0,5 m)) na zona entre a praia de Massaguaçu e da Cocanha, para que esta tivesse a forma de equilíbrio proposta nesse estudo.
  2. Construir um quebramar, longe da costa, com uma extensão de 650 m e localizado na parte centro-norte da praia de Massaguaçu. Sua localização foi estabelecida de tal forma que assegurasse a ideia de apoiar a praia em seu estado de equilíbrio.

Neste caso optou-se pela alternativa 1 pelo fato desta ser mais limpa e por não ocasionar um impacto visual tão notório como no caso do quebramar, reduzir de forma satisfatória a velocidade das correntes na praia da Cocanha gerando uma maior segurança para os banhistas e, além disso apresentar uma vida útil de maior duração da obra.

Maiores detalhes deste trabalho podem ser encontrados em De Luca (2011).